O mês de abril em Pelotas voltou a ser violento. Foram seis ocorrências ao total, cinco a mais que no mesmo período do ano passado, quando foi registrado apenas um crime contra a vida. No total, Pelotas tem 17 homicídios e um latrocínio desde o início do ano, ultrapassando 2020, quando foram 12 registros de mortes violentas.

Ainda no comparativo com os anos anteriores, de acordo com os dados estatísticos da Delegacia de Polícia de Homicídios e de Proteção à Pessoas (DPHPP), este ano supera 2021, que teve oito homicídios em quatro meses, 2022, com cinco e ano passado, que voltou a subir esse indicador, registrando 11 crimes. Mesmo assim, abril de 2023 foi menos violento, com apenas um registro. Para o titular da 18ª Delegacia Regional de Polícia, delegado Márcio Steffens, o que chamou a atenção dentro do cenário da criminalidade foi o caso Uriel, de um ano e três meses, em que a madrasta é suspeita de cometer homicídio qualificado e está presa preventivamente. 

“Fora da curva tivemos o fato que vitimou o bebê. No mais são fatos da vida. Estamos preocupados com esse pequeno aumento em relação ao ano passado. Mesmo assim, Pelotas é um dos municípios com mais de 200 mil habitantes com a melhor taxa de homicídios por 100 mil habitantes”, disse o delegado ao comentar que não é o cenário que gostaria, mas a cidade mantém a estabilidade. O Município já atingiu uma taxa de 34,8 mortes por 100 mil habitantes, em 2017, reduzindo para 7,1 em 2022. Ano passado, a taxa ficou 10,7, sendo que a do Brasil foi de 19,4. 

Para o comandante do 4º Batalhão de Polícia Militar (4ºBPM), tenente-coronel Paulo Renato Scherdien, com relação ao perfil dos crimes, ele destaca que a cidade não registrou feminicídio, sendo que uma das ferramentas que auxiliou para o indicador foi o monitoramento eletrônico dos agressores que está sendo realizado pela unidade. “A Brigada Militar está atuando através do serviço de inteligência, acompanhando a evolução e a incidência de crimes a fim de aplicar as ações ostensivas preventivas e as ações repressivas”, ressalta. Uma delas são as ações preventivas com o policiamento ostensivo nos locais de incidência criminal e de concentração de pessoas. “Na repressão, são as ações de saturação de policiamento com patrulhas da Força Tática de Choque para localização de armas”. 

De acordo com a Secretaria Municipal de Segurança Pública (SMSP), apesar da elevação nos números de homicídios dolosos no mês de abril, em comparação à 2023, a análise quantitativa dos dados ainda apresenta estabilidade. A inexistência de registro deste tipo de delito no mês de março, por exemplo, comprova a efetividade das ações de prevenção à violência e combate à criminalidade. 

A partir das informações coletadas pelo Observatório de Segurança Pública (OSP), percebe-se ainda que, no comparativo ao mesmo período dos anos anteriores, Pelotas vem registrando quedas significativas nos Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLI), alcançando a marca do município com menor taxa de letalidade do Rio Grande do Sul entre as cidades com população superior a 200 mil habitantes.
A secretária de Segurança Pública Cintia Aires explica que a leve oscilação dos dados em 2024, comparando com o período compreendido entre 2020 e 2023, ainda encontra-se dentro da média de estabilidade, considerando que desde a implantação do Pacto Pelotas pela Paz, em 2017, o atual período registra uma queda de 53,6% nos crimes violentos. 

Apesar da estabilidade e dos baixos índices, a gestora destaca a importância das atuações e do trabalho integrado na preservação da vida de toda comunidade pelotense. Por meio de ações conjuntas das forças de segurança e do trabalho desenvolvido no Gabinete de Gestão Integrada Municipal (GGI-M), o Município segue atuando na ampliação do policiamento preventivo, ostensivo e para identificar autorias e agilizar processos de responsabilização.